terça-feira, 26 de maio de 2009

Muito além do jardim

Hoje, volto eu de mais um dos saraus que minha tia dirige. O de hoje homenageava Nelson sargento e o unia a mais três grandes e mais jovens músicos: Diogo Nogueira, Arlindo Cruz e Leandro Sapucahy. Quem geralmente conduz, em formato de apresentador, o programa é o jornalista Chico Pinheiro, no entanto devido a certas causas ele, neste programa, foi substituído. Quem o fez, de maneira a mostrar sempre seu talento, foi Sandra Moreira.
Neste dia, parei para reparar o fascínio que possuo diante de pessoas como Nelson. Poeta, artista plástico, filósofo, compositor, sambista...
Ele estava lá, em frente a todos com seus 85 aninhos de existência e seus olhinhos alegres. Olhos esses que deviam estar tão brilhantes por traduzirem a áurea do que enxergavam. Luz seria a melhor palavra para descrevê-la. Energia de todos que ali estavam por sentirem aquela maravilhosa melodia passando pelos corpos que faziam a pele formigar se desfazendo na espontaneidade de sorrisos. Luz porque uma personalidade dessas inspira idéias.
O mundo é gigantesco e a quantidade de coisas as quais temos acesso é sem fim. É uma sensação de insignificância agradável.
Estou eu aqui, nesta madrugada, ouvindo música e pensando na minha vida. E como qualquer ser humano, encontro os problemas. Algo triste que vi, algo ruim que escutei. Tudo feito de um pensamento MEU, esta pessoa tão minúscula que é Patrícia Silveira.
E então esses problemas parecem aumentar diante dos limites do corpo, diante da minha coberta e de todo o meu quarto. Eu não sinto mais conforto, os objetos estão lá, mas parecem não mais existir. Sinto como se meu brilho desaparecesse.
Volto a pensar no Nelson e de tudo de bom que ele me transmitiu.
Como podemos deixar que seres tão inferiores façam com que sintamos algo tão forte que nos fazem esquecer de Nelson?!
Como podem nos deixar tristes se outras coisas tão mais fortes produzem nossa alegria?
É explicavelmente inacreditável e inexplicavelmente acreditável.
Hoje, acho que descobri a fórmula para se desgarrar de tais míseros descontentamentos que nos afligem em resultado de mãos e olhos alheios. É um único ingrediente. O além.
Quando você, ser insignificante diante da beleza da natureza e da magnitude das idéias não conseguir dormir porque ser quarto parece abrigar problemas e assim te consumir, lembre que ele é um quarto entre mil trilhões. E que dentre eles está aquele mesmo ser que te fez mal. Tão insignificante quanto, tão mísero...Mas que envolta existem mentes brilhantes produzindo aquilo que realmente é importante. Que há, emalgum lugar, um acorde perfeito sendo criado e que este, mesmo que pareça muito menor que um ser humano inteiro (como aquele que te fez mal), ele pode ser muito mais eterno e ser conservado por gerações.
Até mesmo um pequenina planta está fazendo algo mais significante que este ser “mal”, está produzindo oxigênio e conservando a vida.
Um ser com habilidade satisfaz o que possui necessidade. Um ser sem habilidades não pode te fazer sentir necessidade.
Criemos dentro de nós a capacidade de ver além de nossas janelas.
Isso faz dormir. Dormir faz sonhar. Sonhar é satisfazer. Satisfazer é prazer. Prazer é relaxar. Relaxar é descansar. Descansar faz acordar.
Acordar para um novo dia.
Acordar para o que está diante dos olhos.
Acordar para o mundo.
Acordar para si mesmo.
Acordar para o que, de fato, é bom.
Às vezes sinto como se o mal fosse um bloco, que pesa sobre nossas cabeças. O bom, a felicidade parece uma purpurina no ar. Apesar de impalpável está ali. E brilha.
Faça com que seus olhos mantenham-se brilhantes enquanto suas mãos expulsam os blocos.
Em outras palavras, vamos refletir, conseguir sentir o que há de subjetivamente bom nas coisas e evoluamos como seres. Por mais insignificantes que sejamos, seremos melhores que os outros, porque teremos dentro de nós a magnitude daquilo que vimos, refletimos e anteriormente guardamos para sempre.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

A realidade é dura e muitas vezes atropela, mas o vento que a segue leva tanta coisa ruim que a alma parece mais pura e os movimentos libertos.